quarta-feira, 12 de março de 2014

Twelve - 12 (Vee)

~~P.O.V Katie~~
– Oi, mãe.
– Olá, querida. Como estão as coisas por aí?
Segurei o telefone com força, analisando a imagem refletida no espelho parcialmente embaçado do banheiro diante de mim. Engolindo em seco, concluí que minha mãe não iria querer saber como estavam as “coisas” por aqui... Pelo menos não por enquanto.
– Está tudo bem – respondi, quase não conseguindo pronunciar a última palavra devido à mordidinha que levei no lóbulo da orelha – E por aí?
– Ah, você sabe como eu me sinto nessas viagens a trabalho – mamãe suspirou, enquanto eu fazia o mesmo, só que por motivos bem diferentes - É sempre uma chatice. Mas eu vou sobreviver.
– Claro que vai – afirmei, com todos os meus esforços concentrados em manter minha voz firme e casual apesar das sensações que as mãos de Niall, viajando por baixo da camiseta que lhe pertencia e que desde nosso banho interminável cobria meu corpo, despertavam em mim, juntamente com seus lábios vagando sem rumo por meu pescoço. Lancei um olhar repreensivo a seu reflexo, que apenas sorriu de forma nada arrependida e continuou suas provocações.
– Bem, eu tenho que ir, só liguei para saber se você estava bem – ela disse, e o tom maternal pesado em sua voz teria me feito sorrir, se não fosse por todo o resto acontecendo ao mesmo tempo - Tchau, beijo.

 – Tchau mãe beijo!
Olhei para Niall e revirei os olhos, soltando um risinho desdenhoso ao me soltar de seu abraço e deixar o banheiro.
Com uma expressão nem um pouco convencida, Niall me seguiu até meu quarto, venci a curta distância entre nós e envolvi seu tronco com meus braços, apoiando meu queixo em seu peito para que ele não pudesse fugir de meu olhar. As pontas de nossos narizes se tocaram quando ele aproximou o rosto do meu, e meu abraço foi enfim retribuído.
Após alguma hesitação, ele abriu um sorriso derrotado, unindo nossos lábios num beijo tranquilo. Nem bem o partimos, meu celular voltou a tocar em minha mão. Franzi a testa, me perguntando quem poderia ser, e a atmosfera de felicidade que havia acabado de construir ao redor de nós dois evaporou assim que li o nome no visor.
– Quem é? – Niall indagou, com certo alarme, ao perceber a mudança em meu rosto. Me forcei a reagir, ignorando a ligação e balançando a cabeça.
– Não sei, era um número desconhecido – menti, sabendo na hora em que as palavras saíram de minha boca que ele não acreditaria. Dei-lhe as costas e me afastei alguns passos, tentando retomar a calma que me dominava há poucos segundos. Como previ, ele não se contentou com minha desculpa mais do que esfarrapada.
– Eu vou resolver isso agora mesmo – Niall rosnou, se aproximando em passos determinados e pegando o aparelho sobre o colchão.
– Não! – exclamei, roubando-o de volta com rapidez – Ignore, uma hora ele vai desistir.
– E enquanto ele não desiste, você é obrigada a ficar aguentando esse terror psicológico? – ele rebateu, inconformado – Não posso deixar que isso aconteça. Ele já te fez mal demais, chega.
Quando ele fez menção de pegar o celular de mim, eu o impedi com uma mão em seu peito.
– Niall, por favor – pedi, deixando claro que já estava cansada antes mesmo de a discussão começar – Deixe pra lá. Se ele ligar de novo, prometo que te deixo atender e falar o que quiser. Mas por ora, esqueça isso.
Meus argumentos pareceram não funcionar totalmente, pois ele ainda manteve sua postura ofensiva. Insisti.
– Por favor. Eu só quero aproveitar o resto desse fim de semana com você, sem ninguém atrapalhando. É só o que eu peço.
Após respirar fundo algumas vezes, Niall fixou o olhar no meu, e o que disse fez com que um arrepio desagradável percorresse minha espinha.
– Você precisa parar de protegê-lo... Antes que sua passividade acabe se voltando contra você.
Ao mesmo tempo em que seu tom de quem sabia mais do que deveria tenha me assustado um pouco, o que mais me atingiu foi a insistência em resolver o problema imediatamente. Ele até podia suspeitar de que algo além do que minha versão da história cobria estava acontecendo, mas não fazia ideia do que se tratava. Respirei fundo, retomando o controle sobre a situação, e devolvi na mesma moeda.
– Eu não estou protegendo ninguém a não ser nós dois. É tão errado querer passar um fim de semana, um mísero fim de semana sem ter que me preocupar com nada que esteja acontecendo lá fora? Se ser egoísta por um fim de semana e só querer você é protegê-lo, então me declaro absolutamente culpada.
Niall sustentou meu olhar exaltado enquanto eu falava, e quando terminei, sua expressão havia mudado de frustrada para levemente arrependida. Eu entendia seu impulso de afastar Alex de uma vez por todas de minha vidas, mas sabia que seria inútil deixá-lo tomar as rédeas da situação, eu tinha plena certeza de que se alguém deveria intermediar aquele atrito, esse alguém era eu. Tudo o que eu queria era adiá-lo ao máximo, para ter certeza de que ele era realmente necessário.
– Está bem – ele assentiu, sem coragem de insistir no assunto depois de meu discurso – Só por esse fim de semana.
Agradeci com os olhos, e ele rapidamente adicionou, erguendo o indicador em minha direção:
– Mas se ele ligar de novo, eu vou atender.
Revirei os olhos, e ergui o celular diante de mim.
– Ele não vai ligar de novo – afirmei, enquanto desligava o aparelho e voltava a atirá-lo sobre a cama – Pode acreditar.
Minha atitude rebelde fez com que ele desse um sorriso de canto, ainda um tanto relutante quanto a deixar o assunto Alex de lado, mas eventualmente eu o convenci a deixá-lo de lado, pelo menos por ora.
O celular não tocou mais durante o resto do fim de semana.
– Você tem mesmo que ir?
Niall riu contra meus lábios pelo que pareceu a milésima e ao mesmo tempo primeira vez nos últimos cinco minutos, enquanto ensaiávamos uma despedida na entrada de minha casa. Estava anoitecendo, o que significava que ele tinha que ir embora. 
– Eu volto logo, prometo – ele sussurrou entre um selinho e outro, acariciando minha cintura daquele jeito que subentendia um até breve.
– Acho bom mesmo... Se não, vou atrás de você.
– Hm, você indo atrás de mim soa bastante tentador...
Ri de sua idiotice, dando um tapa de brincadeira em seu ombro.
– Ai de você se não aparecer, Niall Horan!
Ele fez cócegas dos lados de minha barriga, e eu me contorci em seu abraço, sem conseguir me recordar da última vez em que havia me sentido tão feliz, ainda que estivéssemos nos despedindo. Mal havia me recuperado da crise de riso que ele provocara quando sua boca se aproximou de meu ouvido, e mais uma vez minhas pernas ameaçaram ceder ao peso de meu corpo...

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